Nas últimas semanas a UFAL tem debatido o retorno das aulas. Este é um desafio de todas as universidades públicas federais que, no contexto da pandemia, têm a função social de garantir educação e formação profissional de qualidade sem abrir mão do princípio da universalidade a todos/as os/as estudantes.
Esse debate, suscitado inicialmente pela proposta PAE tomou outros contornos diante da insuficiência da resposta institucional para o retorno das aulas proposta pela PROGRAD. Mas não só por isso, principalmente pela irredutibilidade da pasta PROGRAD acolher as propostas que apresentavam problemas no PAE e encaminhavam outra orientação/proposição. Basicamente, a PROGRAD apresentou uma proposta de retorno das aulas, por meio de ensino remoto, desconsiderando a acessibilidade de todos os estudantes, deixando para depois àqueles que não tinham as condições. Ainda, "jogava" para os docentes e cursos a responsabilidade de ofertar ou não as disciplinas obrigatórias. A proposta não dava uma resposta institucional do retorno das aulas.
Apesar do debate realizado em 2 fóruns dos coordenadores, a mudança de orientação/proposição feita por diversos cursos para o retorno das aulas foi desconsidera pela PROGRAD. O resultado foi a mobilização dos docentes e estudantes, dos cursos, unidades para que o PAE fosse suspenso/rejeitado. Como proposição, a realização de um debate mais amplo, considerando o retorno das aulas, ainda que através do ensino remoto, sob o princípio da acessibilidade de todos/as. A respeito dessa postura da PROGRAD escrevi aqui
A mobilização da comunidade fez a PROGRAD, finalmente, recuar. Um CONSUNI foi convocado para discutir o assunto. As discussões estão agora acontecendo nas unidades acadêmicas/campi.
NOTA CEDU
Em reunião do colegiado ampliado de Pedagogia - presencial, realizada em 02 de junho de 2020, a maioria dos presentes votaram pela "rejeição à proposta" do PAE/PROGRAD/UFAL.
Entre os argumentos que justificaram a rejeição, está a defesa de que "Por ser pública, todos os planejamentos de ação da/sobre a escola/universidade pública devem considerar os princípios da gratuidade, igualdade, da universalidade e laicidade. Tais pressupostos democráticos buscam garantir a inclusão de todos e de todas à educação, direito fundamental para o desenvolvimento pessoal e de uma sociedade mais justa e igualitária. Qualquer debate e proposta que desconsidere tais pressuposto incorrerá em aprofundar as desigualdades já conhecidas"
O documento, também, traz algumas problematizações sobre a forma como a discussão sobre o ensino remoto vem se dando a nível nacional, onde é pretendido confundi-lo com a modalidade EAD, que tem suas especificidades e métodos próprios.
O documento indica que "Os debates e o planejamento do retorno devem ter como pressuposto os princípios da educação pública anunciados no início desta nota. Os desafios do momento pelo qual passamos exige tomada de decisões complexas que não podem ser tomadas de forma apressada. Constituir grupos de trabalho, conhecer as especificidades, ampliar a pesquisa sobre as condições de acessibilidade dos estudantes e docentes em parceria com os colegiados de cursos são caminhos iniciais para balizar a melhor tomada de decisão sobre quando e como retornar às atividades de ensino".
Leia na integra o documento aqui
